Química é uma das áreas mais promissoras

Terceiro setor em faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM), a indústria química tem como carro-chefe a produção de extratos e bebidas não-alcoólicas (as alcoólicas, assim como armas, cigarros e carros de passeio são produtos banidos da Zona Franca de Manaus). A primeira a marcar presença foi a Coca-Cola, justamente a maior produtora mundial de bebida, que prepara em Manaus o extrato de fórmula exclusiva que as mais de 40 fábricas da marca, espalhadas por todo o país, transformam em refrigerante. Parte da produção é exportada para a América do Sul, mas a prioridade é o abastecimento interno, já que o Brasil é o quarto consumidor dessa bebida no mundo, atrás apenas dos EUA, México e China.

Outra fábrica de porte, e ainda mais emblemática por usar um produto local, é a do concentrado do guaraná Antarctica, da Ambev, que segue a mesma estratégia de distribuição para o resto do país, exportando algum excedente para o Japão e Portugal. A matéria-prima vem da Fazenda Santa Helena, em Maués, no Sudeste do Amazonas, perto da divisa com o Pará.

No PIM, o polo químico aparece entre os mais promissores, com oportunidades ligadas aos recursos naturais locais, mas também para negócios ligados à área de produtos para limpeza, filmes e papéis fotográficos e cimento. Outros polos, como o relojoeiro, mostram trajetórias diferentes.
O polo relojoeiro já foi um dos grandes redutos de negócios do Polo Industrial de Manaus. Hoje, contribui com modestos 1,61% para seu faturamento, mas dá mostras de uma retomada importante. Até novembro, o setor investiu US$ 104,5 milhões, o que representa mais do que a soma dos aportes realizados em 2009 e 2010 (US$ 44,8 milhões e US$ 53,7 milhões, respectivamente).

O avanço também aparece no volume de produção, que saltou de 5,4 milhões de unidades de pulso e de bolso entre janeiro e novembro de 2009 para 8,2 milhões no mesmo período de 2010 e para 11,2 milhões em 2011, ano em que o faturamento foi de US$ 613 milhões, 21% superior ao de 2010. Desempenho semelhante pode ser observado na geração de emprego: com 1.372 colaboradores em 2006, fechou o ano com 2.425, 34,5% a mais do que em 2010. O que não mudou foram os índices de nacionalização e regionalização do componentes. No ano passado, 94,71% dos insumos do setor foram comprados no exterior.

Nelson Azevedo, presidente do Sindicato das Indústrias de Relojoaria e Ourivesaria de Manaus, atribui essa retomada à ascensão das classes com maior poder de compra. "Apesar da concorrência dos importados, nossos custos são menores e cabem no orçamento dos brasileiros", diz. Fontes do setor acreditam que 40 a 45% dos relógios comprados no Brasil são montados em Manaus. O restante é importado, ou contrabando e pirataria, explica Azevedo.

Entre os nove fabricantes do polo relojoeiro de Manaus estão empresas como a Orient, Technos e Dumont, que trabalham com um índice de importação superior a 90%. A mais nova fábrica da região é a da rede de franquias TouchWatches, que investiu R$ 10 milhões para produzir parte de seu mix em Manaus.

Longe do distrito industrial, que concentra os grandes fabricantes de eletroeletrônicos, outro polo com vocação completamente diversa também experimenta uma reação. É o distrito agropecuário, que abriga na zona rural de Manaus e no município de Rio Preto da Eva cerca de 400 empreendimentos, a maioria voltada à agricultura familiar. A despeito de ter sido um dos grandes objetivos na criação da ZFM, o polo não decolou: gera cerca de 1.200 empregos e faturou em 2010 em torno de R$ 18, 4 milhões – valor parecido ao estimado para 2011.

Embora baixa em relação aos bilhões dólares movimentados no distrito industrial, a receita é três vezes maior do que a de 2007 (R$ 6 milhões). As atividades agrícolas que mais faturam são a fruticultura, citricultura, horticultura, beneficiamento de madeira e piscicultura.

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