Em pico de safra, preço do açúcar atinge R$ 70 a saca

Em pleno período de pico de safra este ano, os preços do açúcar estão no mesmo patamar que no final da safra do ano passado. Segundo levantamentos do Cepea, o indicador do açúcar cristal fechou a R$ 70,01 a saca de 50 kg em São Paulo. Em julho, o aumento foi de 22,6%.

A pesquisadora do Cepea Mariana Pessini conta que, em 2010, o preço do açúcar chegou a R$ 70 apenas em outubro, quando a colheita já estava sendo encerrada. "O mês de julho foi bem atípico este ano, porque normalmente o preço nesta época é mínimo, já que é pico de safra", afirma. No final de julho do ano passado, o açúcar estava cotado a R$ 41.

Essa alta, conforme a pesquisadora, pode ser explicada pela queda na produção. Dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) mostram que a quantidade de açúcar produzido até a primeira quinzena de julho deste ano no Centro-Sul foi 14,87% menor em relação ao mesmo período do ano passado, o que equivale a uma redução de mais de dois milhões de toneladas.

"A oferta baixa começou a pressionar os preços tanto no mercado externo quanto no interno. Além da queda na produção nacional, o Brasil é o único país em safra no momento, o que força ainda mais os preços", afirma a pesquisadora. Ela diz que há três anos os países produtores de cana enfrentam problemas na plantação e não estão conseguindo quantidade o suficiente para fazer estoque de passagem.

Quem está comprando o produto no momento, compra pequenas quantidades e porque percebeu a queda na produção. "Antes do pico da safra, as compras diminuem porque o esperado é que o preço caia, mas este ano os compradores perceberam a queda na produção e estão negociando, mesmo que em pequenas quantidades. Ainda assim, isso ajuda a inflacionar os preços", diz Mariana Pessini.

Queda na produção e na qualidade

O volume de cana-de-açúcar processado no Centro-Sul caiu 14,81% do início deste ano até 16 de julho, em relação ao mesmo período do ano passado. Segundo Unica, em 2010 foram processadas 255,19 milhões de toneladas, contra 217,4 milhões em 2011.

Além disso, a qualidade também caiu. No acumulado desde o início da safra até a primeira quinzena de julho, a quantidade de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) por tonelada de cana ficou em 125,71, queda de 3,21% em relação ao mesmo período de 2010.

Para o diretor-técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, a deterioração da qualidade da matéria-prima é fruto de diversos fatores, entre eles o maior florescimento, geada em algumas regiões e o menor desenvolvimento da planta em função da estiagem prolongada de 2010. "Nesse cenário, a concentração de sacarose na cana fica comprometida e dificilmente veremos uma recuperação significativa do ATR nesta safra", afirma Rodrigues.

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