Montadoras miram redução do IPI (férias têm cheiro de chantagem)

Os três principais jornais brasileiros, Folha, O Globo e Estado de S. Paulo, destacaram as férias nas montadoras. O objetivo buscado no enfoque da mídia em geral (menos no Estadão) foi passar a ideia de desaquecimento, crise e, lá na frente, cortes.
Uma notícia dessas, especialmente em época de campanha salarial metalúrgica, tem forte impacto, se forem lidas apenas as manchetes. Portanto, é preciso ler além das manchetes ou entender o fato, como fez o Estadão.
O jornal é claro: “Governo deve recuar de incentivo a montadoras”. E no olho explica: “Indústria resiste a contrapartidas para corte de IPI”. Todos se lembram que, há poucas semanas, quando lançou a política industrial “Brasil Maior”, o governo acenou com menos IPI para quem adotasse políticas de inovação, agregação de conteúdo local e eficiência energética (entre outras).
As montadoras não cumpriram nenhuma das metas, lotaram seus pátios e, como sempre, partiram para a chantagem. Basta ver que agosto bateu recorde de emplacamento de veículos, informa a Fenabrave: 327 mil contra 306 mil no mês anterior. E presidente da entidade acredita em novos recordes de vendas.
Sindicalismo – O movimento sindical, atento, deve responder às manobras das montadoras, mostrando que é legítima a busca por IPI menor (aliás, modelo popular já paga só 7%). Porém, dentro do que foi estipulado nas regras do plano “Brasil Maior” – valorizando-se, principalmente, o item nacionalização.
Costume – As montadoras, endeusadas desde Juscelino, estão mal-acostumadas. É um setor privilegiado da nossa economia, que recebe, sempre, tratamento especial, apropria-se de todo o lucro, não repassa compensações ao consumidor e remete lucro adoidado para suas matrizes. No Brasil, já teve até missa pra baixar o IPI de carro.
Disputa de mercado, busca de lucros e obtenção de vantagens, tudo bem. Chantagem, não!
Sistema – Em seu delirante, e desbundado, livro “Fragmentos de Sabonete” (final dos anos 70), Jorge Mautner saca e dispara: “O automóvel é um sistema”. Ou seja, todas as máquinas são máquinas, mas o carro, não.
 

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