Laboratórios de pequeno porte estão no alvo da Entregga

O empresário Omilton Visconde Jr., ex-proprietário dos laboratórios Biosintética, vendido para o grupo Aché em 2005, e do Segmenta, negociado em 2010 para a Eurofarma, está de volta. Visconde está à frente da Entregga, empresa criada para atuar no setor farmacêutico como "adviser" (consultoria) e também como investidor, com a compra de participações em pequenas e médias empresas no Brasil.

A Entregga vai assessorar empresas do setor que queiram se reposicionar no negócio, em projetos de expansão, movimentos de fusão e aquisição, reestruturação, sucessão e profissionalização. Também prestará consultoria a multinacionais e fundos interessados em fazer investimentos no país. "Empresas grandes possuem uma estrutura pronta nesse sentido; já as pequenas não. Podemos entrar como sócios em indústrias do setor e queremos participar da gestão", disse Visconde ao Valor.

Para compor seu time de sócios, o empresário se aliou a executivos que o acompanharam nas gestões da Biosintética e Segmenta, como Geraldo Mol, Wolney Alonso e Ritienne Soglio, além de Octavio Faria Neto, que passou pela Kraft Foods. Nelson Libbos, ex-farmacêutica Teva, também está na nova empresa como consultor. Esse seleto grupo que integra a nova companhia conhece toda a cadeia do setor, desde os trâmites regulatórios, órgãos de fomento, entidades de classe, investidores, distribuidores e varejo.

Em ebulição, o mercado farmacêutico nacional, que movimentou em 2010 cerca de R$ 35 bilhões, virou objeto de cobiça de grandes multinacionais que querem entrar no país. As que já atuam, querem ampliar sua presença. Nos últimos dois anos, sobretudo, muitos negócios de fusões e aquisições foram concretizados e outros estão por vir. De olho nesse filão, a Entregga quer participar desse processo. O valor dos últimos negócios concretizados no país foi para as alturas, com ativos negociados entre 15 a 20 vezes o Ebtida (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações na sigla em inglês).

"Podemos ser úteis no processo de avaliação de negócios. O setor farmacêutico é um dos mais rentáveis. Analisamos a geração de caixa, com [margem] Ebtida de 20% a 30%", afirmou Visconde. "Diferentemente dos gestores de fundos, com interesse na área financeira, temos expertise na gestão das empresas do setor. Nosso foco são as pequenas e médias e pretendemos participar da administração", disse o empresário.

Há mais de 20 anos no setor farmacêutico, Visconde vendeu o laboratório Biosintética para o Aché em 2005. Depois, decidiu fazer suas apostas no segmento de soro hospitalar, área em expansão no país, com a criação da Segmenta em 2007. No ano passado, o empresário negociou a empresa para o laboratório nacional Eurofarma. Entre 1998 e 2008, o empresário também coordenou a Prevsaúde, empresa de gestão de benefícios de medicamentos, que foi vendida para a empresa Orizon.

"Participei das principais mudanças estruturais do setor farmacêutico nesses últimos 20 e poucos anos. Foram muitas mudanças importantes, como a entrada dos genéricos, bioequivalência de medicamentos, discussão de patentes e criação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária [Anvisa]", disse.

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