Em Rio Preto gasolina está 6% mais cara

O motorista rio-pretense pode preparar o bolso. O aumento na gasolina e no diesel anunciado na terça-feira já chegou a alguns postos de combustíveis da cidade. O Diário esteve ontem em 30 postos de diversas regiões de Rio Preto e constatou que atualmente o preço praticado pela maioria deles para a gasolina é de R$ 2,89, valor 5,86% maior que o preço médio de R$ 2,73 praticado pelos postos durante a semana que foi do dia 20 ao dia 26 deste mês, segundo dados do Levantamento de Preços e de Margens de Comercialização de Combustíveis feito pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), com base nos preços encontrados em 32 postos da cidade.

 

Esta alta representa um reajuste acima do valor final previsto para o consumidor, que ficaria entre 4,6% e 4,8%, como afirmou o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), José Alberto Paiva Gouveia. Já o diesel apresentou uma alta um pouco menor, passando de R$ 2,08, preço médio apontado pela ANP para Rio Preto, para mais ou menos R$ 2,18, uma alta de 4,8%.

 

A alta foi anunciada pela Petrobras na noite de terça-feira, quando ficou definido reajuste de 6,6% para a gasolina e 5,4% para o diesel nos preços de venda nas refinarias. Os preços entraram em vigor à meia-noite de terça para quarta-feira. Segundo a Petrobras, no momento do anúncio, esse reajuste foi definido levando em consideração a política de preços da Companhia, que busca alinhar o preço dos derivados aos valores praticados no mercado internacional em uma perspectiva de médio e longo prazo. E apesar de a maioria dos consumidores estarem nervosos com a situação, o aumento era esperado e até necessário, como garante o presidente do Sincopetro de Rio Preto, Roberto Uehara.

 

"Esperado era, porque o governo já vem anunciando esta reposição há algum tempo, principalmente em virtude do prejuízo que a Petrobras vem tendo há alguns anos. A Petrobras adquiria o barril a R$ 10 do exterior e vendia no mercado interno a R$ 8, o que garantia um rombo muito grande para a empresa e fez com que suas ações caíssem. Com o aumento, a Petrobras tenta igualar a situação, algo como ‘se não vamos ganhar, também não vamos perder'", afirma Uehara. O aumento já está repercutindo entre os rio-pretenses, que reclamam que ao mesmo tempo em que receberam a notícia da redução na tarifa de luz, foram surpreendidos com o maior valor nos combustíveis.

A alta na gasolina e no diesel terão impacto direto no Índice de Preços ao Consumidor de Rio Preto de janeiro e fevereiro, que é a inflação da cidade calculada pela Prefeitura em parceria com as Faculdades Integradas Dom Pedro II e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). Quem garante a influência na conta final é a economista Emília de Toledo Leme.

 

"Vai, fatalmente, afetar a inflação de janeiro, é um dos preços mais importantes da economia e certamente terá impacto na composição do índice. Janeiro deve ter algumas influências significativas na inflação do mês, como a questão das chuvas, que geraram altas nos alimentos, e dos impostos. E, agora, ainda temos esta alta que impactará, com certeza, no índice. Pelo lado bom, pode ser que a redução da energia elétrica tenha algum reflexo positivo.

 

No entanto, é de se esperar que este mês tenhamos uma inflação maior, já que janeiro concentra uma quantidade grande de reajustes, o que normalmente já gera uma inflação já atípica", afirma Emília. O peso da gasolina no índice é de 3,337% na soma final da inflação de Rio Preto, enquanto que o diesel é responsável por 0,120% do índice.

 

Mistura com etanol subirá para 25%

A porcentagem de etanol anidro adicionada à gasolina passará de 20% para 25% no próximo dia 1° de maio. Segundo o ministro de Minas e Energia Edison Lobão, que anunciou a decisão na quarta-feira, a expectativa do governo é que a medida ajude a reduzir o impacto do aumento do preço da gasolina.

 

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), em nota, a avaliação feita pelo órgão é a de que a decisão reflete o que vem sendo discutido pelo setor sucroenergético e o governo desde outubro de 2012. "Já naquela época, o governo sinalizava que trabalhava com a volta da mistura de 25% a partir de junho de 2013 e acenava com a hipótese de antecipação de um mês para a introdução da medida, ficando a antecipação na dependência das perspectivas da próxima safra de cana-de-açúcar".

 

Ainda de acordo com a nota: "A decisão de ontem, antecipando a introdução da mistura de 25% para 1º de maio, apenas confirma o que já vinha sendo cogitado há alguns meses. O consumo adicional de etanol anidro para garantir a mistura de 25% a partir de junho já havia sido considerado no planejamento das empresas do setor sucroenergético. Com a antecipação da medida para maio, serão necessários 170 milhões de litros adicionais de anidro para garantir a nova mistura, volume que estará disponível sem produzir qualquer dificuldade de abastecimento para os produtores", afima a Unica.

 

Sobre a possibilidade de aumento do etanol nas bombas para o consumidor, Sérgio Prado, representante da Unica em Ribeirão Preto, afirmou que não há qualquer intenção ou previsão de alta. "Não fazemos previsão, tudo vai depender da oferta e da procura. Seria até prematuro e irresponsável prever qualquer alta", afirmou Prado.

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