Centro de pesquisa em cana busca novo modelo

O Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), a maior instituição de pesquisa em cana do mundo, deve definir nos próximos meses um novo modelo de negócios. O centro contratou a consultoria McKinsey para assessorá-lo na empreitada. O diretor-superintendente do CTC, Nilson Zaramella Boeta, diz que uma das opções possíveis é transformar a empresa em uma S.A. e abrir seu capital em bolsa. Buscar recursos no mercado de capitais é uma alternativa, mas não há ainda uma definição. Estamos no momento discutindo esses aspectos, levantando dados e fazendo projeções, afirma.

Há algum tempo a reestruturação do negócio está na pauta do centro, que chegou a solicitar ao Rabobank um estudo sobre o valor de mercado da instituição. O banco holandês não tornou o número público, por se tratar de contrato privado, mas segundo fontes de mercado, o valor teria sido considerado muito baixo pelos associados do CTC, que agora estão sendo assessorados pela McKinsey.

Em 2005, o orçamento anual para pesquisas da instituição era de R$ 20 milhões. Atualmente, esse valor é de R$ 60 milhões e só tende a crescer, diz Boeta. O centro também capta recursos de outras fontes, sobretudo de programas de financiamento de pesquisa, além de realizar parcerias estratégicas.

Fundado em 1969 e até 2005 sob o controle da Copersucar, a maior comercializadora de açúcar e álcool do Brasil, o CTC é hoje uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (Oscip) mantida por recursos dos associados. São 160 membros: 143 usinas e 17 associações de fornecedores.

O estatuto da instituição traz restrições, por exemplo, no recebimento de recursos externos (que só podem ser internalizados por meio de parcerias e convênios) e no repasse da tecnologia desenvolvida, que só beneficia os associados, que representam 60% da cana moída no Brasil.

Desde que se tornou uma Oscip, o CTC é assediado por grandes grupos, interessados em fazer parcerias tecnológicas. Atualmente, diversas pesquisas conjuntas são realizadas entre a instituições e multinacionais com objetivo comum de desenvolver variedade de cana transgênica. Entre elas, está em andamento o estudo com a Dow AgroSciences, que busca resistência a insetos, com a Basf (resistência à estresse hídrico) e com a Bayer (mais sacarose). Esperamos submeter a primeira cana transgênica à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança) em três a quatro anos, diz Boeta.

O centro também tem parceria, desde 2007, com a dinamarquesa Novozymes no desenvolvimento do etanol celulósico. Uma planta piloto já está em funcionamento com produção de 1.000 litros de etanol por dia. A previsão é de até 2012 estar implantada uma unidade com escala industrial, diz.

Ele não soube estimar quanto foi investido (incluindo as parcerias) em todos os projetos desenvolvidos pelo CTC nas últimas quatro safras. De recursos dos associados, foram cerca de R$ 200 milhões, mas é difícil mensurar o restante, pois estamos falando de uma enzima de uma empresa parceira ou de uma tecnologia de transgenia de outra, explica.

Ontem (27), na divulgação dos seus resultados, o CTC anunciou pesquisas desenvolvidas desde 2005 e o retorno aos associados. A cada R$ 1 investido, o retorno foi de R$ 5 em ganhos de eficiência, diz.

Fonte: UDOP, em 28/07/2010

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