Produção de açúcar do centro-sul em 10/11 cresce 30% ante 09/10

A produção de açúcar do centro-sul do Brasil no acumulado da safra 2010/11 até 16 de julho cresceu mais de 3 milhões de toneladas em relação à mesma época da temporada passada, em meio a um volume maior de cana processada e à forte demanda externa pelo produto brasileiro, de acordo com dados da Unica divulgados nesta segunda-feira.

O centro-sul brasileiro, que responde por cerca de 90 por cento da safra nacional de cana, produziu 14 milhões de toneladas de açúcar no período, contra 10,7 milhões de toneladas até a mesma época de 2009/10, alta de cerca de 30 por cento, informou a União da Indústria de Cana-de-Açúcar.

Com o maior exportador da commodity dominando o mercado internacional nesta época, por conta da entressafra em outras regiões, os portos do centro-sul registram congestionamentos de navios para carregar açúcar, o que também elevou preços recentemente em Nova York para os maiores valores em mais de quatro meses.

A moagem de cana no centro-sul, no acumulado da safra, cresceu aproximadamente 20 por cento, para 255,2 milhões de toneladas.

Esse avanço na moagem deve ser avaliado com muita cautela e qualquer extrapolação para as demais quinzenas do que ocorreu desde o início desta safra pode levar a um resultado equivocado, afirmou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues, em relatório quinzenal.

Segundo o executivo, pode-se afirmar que mais de 50 por cento do incremento da moagem observado até o momento deve-se à antecipação do início da safra.

O clima mais seco ao longo da atual safra, com chuvas abaixo da média histórica, permitiu um sensível avanço na colheita. Porém, o mesmo fenômeno também deverá reduzir a produtividade agrícola da cana ainda a ser colhida e antecipar o final da safra na maior parte das regiões produtoras do centro-sul, observou a Unica em relatório.

Isso deve levar a uma entressafra mais longa, voltando ao padrão histórico, que foi alterado nas duas últimas safras com inícios antecipados e encerramentos que foram além do período habitual.

A entidade também chamou a atenção sobre a possibilidade de colheita em áreas em que a cana não completou totalmente o seu ciclo de desenvolvimento, ao final da safra.

Assim, de acordo com Padua, ao contrário do que imaginam alguns analistas, a grande dúvida em relação ao tamanho da atual safra não está na quebra de produtividade agrícola que estamos observando. Mas sim na decisão de realizar, nas semanas finais da safra, a colheita precoce em áreas com colheitas registradas ao final de 2009 e início de 2010.

Segundo a Unica, com a perspectiva de antecipação do término da safra, os produtores terão duas alternativas: colher acana mais cedo com significativa perda de biomassa, ou postergar a colheita dessa área para o início da safra 2011/2012.

Essa opção é que definirá a quantidade final de cana a ser moída no centro-sul, afirmou o executivo da Unica, lembrando que, diante deste cenário, a Unica divulgará uma nova estimativa ao final de agosto.

ETANOL

Já a produção de etanol do centro-sul atingiu 10,9 bilhões de litros até 16 de julho, contra 9 bilhões em 09/10 (alta de 20 por cento).

Do total de cana processada no acumulado da safra, 55,97 por cento foi destinado à produção de etanol, contra 57,84 por cento até a mesma época do ano passado, e com o açúcar absorvendo 44 por cento da matéria-prima na atual temporada.

Segundo a Unica, a produção e a comercialização de etanol ocorrem dentro do cenário previsto no início da safra: o volume disponível para consumo é maior do que aquele observado no mesmo período do ano anterior, em função do aumento da produção e da redução das exportações, que somaram 668 milhões de litros, contra 1,2 bilhão de litros entre abril e a primeira quinzena de julho de 2009.

Portanto, eventuais dificuldades de abastecimento, pontuais e localizadas, não têm qualquer relação com a disponibilidade deetanol nas unidades produtoras, afirmou a Unica, salientando que os preços são determinados pelas leis de oferta e demanda, que está crescente, com uma frota flex cada vez maior.

Fonte: Roberto Samora, em 02/08/2010

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