Álcool deve subir para até R$ 1,90

O etanol, que já não está tão barato, sofrerá aumento nos próximos dias. O reajuste é de 8,5%. Com isso, o combustível, hoje vendido a uma média de R$ 1,75, custará em torno de R$ 1,90. A alta também rebate no preço da gasolina, que é composta de 25% de álcool anidro. Estima-se que a gasolina suba de R$ 2,64 para R$ 2,69.

O encarecimento do álcool já está refletindo nas vendas. Segundo a Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), no primeiro semestre, as vendas de álcool em Pernambuco caíram 15,4%. Enquanto isso, o consumo de gasolina cresceu 28,7%, no mesmo período. Considerando o rendimento do automóvel com os dois combustíveis, a opção pelo álcool só compensa quando ele custa 70% do preço da gasolina.

As distribuidoras do estado já estão praticando os preços reajustados. O álcool está chegando nos postos por um custo entre R$ 1,68 e R$ 1,72. Como a margem de lucro da revenda é de R$ 0,20 por litro, o etanol ficaria em torno de R$ 1,90. Segundo Frederico Aguiar, presidente do Sindicato do Comércio Varejista dos Derivados de Petróleo de Pernambuco (Sindicombustíveis-PE), o aumento deve acontecer a partir do momento em que acabem os estoques antigos. Algo previsto para a próxima semana.

Cláudio Uchôa, diretor presidente da distribuidora Setta, diz que a entressafra do álcool no Nordeste é uma das razões para o encarecimento do combustível. O álcool já está vindo caro do Centro-Sul, que está no fim da safra. Além disso, há o custo do frete, explica ele. De acordo com Renato Cunha, presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool no Estado de Pernambuco (Sindacúçar-PE), alguns estados da região já começaram a moer a cana, como Bahia, Maranhão, Piauí e Paraíba. Em Pernambuco, a cana deve ser processada no começo de setembro. Mas já esperamos um volume menor de produção, por causa do excesso de chuvas na Mata Sul e da seca na Mata Norte, diz.

A produção da safra passada no estado foi de 17,8 milhões de toneladas. Neste ano, deve ficar em torno de 16,5 e 16,8 milhões de toneladas, calcula Cunha. Com menos oferta, a perspectiva é que o preço do produto não sofra as reduções esperadas para um período de safra. Os preços devem melhorar a partir de outubro ou novembro, quando haverá safra tanto no Nordeste, quanto no Centro-Sul, explica Cunha.

Gasolina – A gasolina também acompanha os aumentos do etanol, já que é composta de 25% de álcool anidro. O álcool anidro subiu cerca de R$ 0,08. O repasse na gasolina deve ficar em torno de R$ 0,05, explica Nóbrega. Para a opção pelo álcool valer a pena, ele precisa custar menos que 70% da gasolina. Pelo visto, o consumidor tem feito as contas e rejeitado o etanol, derrubando as vendas do produto em 15,4% no primeiro semestre. Se o álcool subir para R$ 1,90 e a gasolina ficar ao preço de R$ 2,69, sairá mais caro abastecer com o etanol, que custará 70,6% da gasolina. A tendência é que a procura pelo etanol continue em queda no segundo semestre.

Fonte: Diário de Pernambuco, em 12/08/2010

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