Mercado interno está aquecido, e externo frio para o etanol

Entre abril e a primeira quinzena de julho, as exportações de etanol somaram 668,22 milhões de litros, contra 1,21 bilhão registrados em igual período de 2009, de acordo com as informações da Unica. No sentido contrário, as vendas para o mercado doméstico continuam aquecidas e devem superar o volume comercializado na safra passada.

De acordo com a Unica, na primeira quinzena de julho, as vendas internas de etanol hidratado alcançaram 740,24 milhões de litros, alta de 3,03% em relação aos últimos 15 dias de junho. No mesmo período, o volume de etanol anidro destinado ao mercado doméstico aumentou em 15,64%. No acumulado de abril até a primeira quinzena de julho, este crescimento foi de 1,03% comparativamente a 2009: 1,80 bilhão de litros, contra 1,78 bilhão no último ano, informa a Unica.

As vendas de etanol pelas unidades produtoras da região Centro-Sul somaram 1,15 bilhões de litros nos primeiros 15 dias de julho, alta de 4,45% comparado com a quinzena passada. Desse total, foram vendidos 331,73 milhões de litros de etanolanidro e 817,43 milhões de litros de hidratado.

Para Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico da entidade, o consumo de etanol no mercado interno deverá ser superior ao valor observado na última safra. A demanda por etanol combustível é crescente, devido ao volume de veículos flex comercializados, que permanece elevado. Além disso, o consumo do etanol para outros fins destinado ao mercado doméstico deverá bater recorde nessa safra devido, principalmente, ao incremento de demanda pela indústria alcoolquímica.

De acordo com ele, o uso de etanol para esse setor é um novo driver de demanda no mercado interno que merece atenção.

Até 15 de julho, a produção e a comercialização de etanol ocorreram dentro do cenário previsto no início da safra: o volume disponível para consumo é maior do que aquele observado no mesmo período do ano anterior, em função do aumento da produção e da redução das exportações. Portanto, eventuais dificuldades de abastecimento, pontuais e localizadas, não têm qualquer relação com a disponibilidade de etanol nas unidades produtoras. Estamos em plena safra e o comprador pode encontrar etanol para a venda em praticamente todas as unidades produtoras do Centro-Sul, acrescenta Rodrigues.

Segundo a Unica, no que se refere aos preços do etanol, cabe destacar que os mesmos são determinados pelas leis de oferta e demanda. Além disso, qualquer comparação com o último ano deve ser tomada com cautela, já que 2009 foi um ano extremamente atípico: as empresas foram impactadas pela crise financeira mundial em um momento em que estavam altamente alavancadas, devido aos investimentos realizados para a expansão da capacidade produtiva. Isto resultou em preços extremamente deprimidos no período de safra, com valores que sequer cobriam os custos operacionais de produção, seguidos de preços elevados durante a entressafra em função das chuvas que dificultaram a colheita na segunda metade da safra.

Para este ano, de acordo com a entidade, espera-se um cenário menos volátil do que o observado no ano passado, quando a elevada sazonalidade de preços gerou uma diferença que chegou a 113% entre o menor e o maior preço pago na usina peloetanol. Entre os ingredientes que podem trazer mais estabilidade está a linha de crédito lançada recentemente para financiamento de estoques – a chamada warrantagem, desenvolvida para equilibrar a oferta entre os períodos de safra e entressafra.

Por fim, a entidade informa que é importante frisar que o movimento de preços nas usinas não é necessariamente o mesmo verificado nos postos de combustível. O preço pago ao produtor representa apenas uma parcela na composição final do preço do etanol para o consumidor. O preço na bomba é definido por diversos fatores, que incluem os custos de transporte, as diferentes alíquotas de ICMS adotadas em cada estado e as margens praticadas na distribuição e na revenda do produto. Dessa forma, qualquer análise, seja ela regional ou temporal, sobre o preço de bomba do etanol deve ser realizada de forma sistêmica, avaliando os impactos causados por cada um dos elos da cadeia.

Fonte: UDOP, em 16/08/2010

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