Produtor de álcool pede cooperação com Petrobras

O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, afirmou ontem (10/04) que falta afinar o discurso dentro do governo federal sobre o álcool combustível. Ele criticou e considerou um “contra-senso” o presidente Luiz Inácio Lula da Silva determinar anteontem, durante visita à Holanda, a criação de uma força-tarefa no governo para defender o uso do combustível e, no mesmo dia, o presidente da BR Distribuidora, José Eduardo Dutra, admitir que o crescimento do uso do etanol é um problema para a Petrobras.

“Alguma coisa tem de ser afinada na orquestra. O presidente Lula está defendendo o álcool lá fora e, aqui dentro, a Petrobras insinua que pelo fato de o álcool estar crescendo muito é preciso retirar, por exemplo, a única vantagem que tem hoje, que é a Cide (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico)”, disse Jank, após participar da abertura do Workshop do Observatório do Setor Sucroalcooleiro, no campus da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP).

Jank avaliou que a razão da incidência da Cide, hoje em R$ 0,28 sobre o litro da gasolina, é porque “o álcool cria uma imagem positiva da sociedade, por ser renovável, limpo, por criar empregos e gerar divisas”. O presidente da Unica admitiu que há problemas de diálogo entre o setor sucroalcooleiro e a Petrobras e pediu uma cooperação entre as duas áreas. “Confesso que gostaria de poder dialogar mais com a Petrobras, porque entendemos que existe espaço suficiente para o álcool e a gasolina no Brasil e no mundo. Poderíamos ter atitudes cooperativas e não conflitivas”, afirmou.

Jank disse que um dos motivos causadores dos ataques de Dutra ao álcool possa ser a previsão de que o uso do combustível renovável em veículos leves ultrapasse o da gasolina ainda este semestre. “É um temor para a Petrobras o álcool passar a gasolina. Mas nós pregamos um diálogo moderno, inclusive com a perspectiva de rever a matriz de combustíveis e fazer um planejamento junto com o governo para os próximos 20 anos”, concluiu.

Fonte: Agência Estado, em 11/04/2008

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