Brasil quase dobra venda de açúcar, carne, soja e minérios ao exterior

A participação brasileira no mercado internacional com as matérias-primas básicas – como açúcar, carnes, soja e, sobretudo, minérios – quase dobrou entre 2000 e 2009. O país respondia por 2,77% das exportações de produtos primários em 2000, mas a fatia subiu para 4,66% em 2009, segundo estudo divulgado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) nesta terça-feira (10).

Quando se considera tudo o que o Brasil vende para outros países – de produtos agrícolas a automóveis – a participação brasileira no cenário mundial subiu de 0,88% para 1,26% entre 2000 e 2009. Entretanto, o Ipea alerta que, “apesar do avanço significativo, é possível observar que estes ganhos estão concentrados no grupo commodities [matérias-primas básicas]”.

O instituto alerta que o país “perdeu espaço nas exportações de alta intensidade tecnológica, setor em que representava 0,52% do comércio mundial em 2000, e passou a representar 0,49% em 2009”. O aumento das vendas de produtos industrializados pelo Brasil, segundo o Ipea, depende muito do desempenho do setor aeronáutico, sobretudo das vendas da Embraer.

Apesar de o Brasil conseguir posição de destaque nos negócios de produtos básicos no mercado exterior, essa queda das vendas de produtos de alta tecnologia pode ser prejudicial no longo prazo porque essas mercadorias, normalmente, possuem maior valor agregado que as matérias-primas.

A balança comercial brasileira – diferença entre as vendas e as compras de produtos do exterior – só tem se mantido com saldo positivo porque o Brasil vende grandes quantidades de produtos básicos e o dólar, ainda que esteja perdendo valor diante do real, estava “mais de 25% valorizado em relação ao nível observado durante o ano de 2005”.

Para o Ipea, a concentração das vendas brasileiras para o exterior nas matérias-primas básicas pode trazer “preocupações para o desempenho futuro da economia brasileira”.

Apesar do risco que as matérias-primas podem oferecer ao Brasil no futuro, o instituto afirma que o cenário positivo deve durar um longo tempo por causa da procura mundial por alimentos.

– Além disso, o aumento dos custos da produção agrícola devido ao crescimento do preço da energia, a ampliação da produção de biocombustíveis nos EUA e na Europa e o enfraquecimento do dólar são fatores que também contribuem para a valorização das commodities no mercado mundial.

Fonte: Udop, em 10/05/2011

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