Indústria de genéricos busca novas áreas

Após os anos "de ouro", em que aproveitou o fim de patente de medicamentos campeões de vendas, como o Viagra, a indústria de genéricos se prepara para um cenário menos favorável.

Dados do instituto IMS Health, que audita as vendas do setor, mostram que, em 2013, o faturamento dos remédios que perderão patente no Brasil somará R$ 170 milhões.

Esse valor representa uma redução de 62% sobre a receita de 2010, quando se encerrou o direito de exclusividade de comercialização de oito medicamentos, entre eles o Lipitor (para colesterol) e o Diovan (para hipertensão), dois campeões de vendas.
"A fórmula de crescimento das empresas de genéricos nos últimos anos está ameaçada", diz Douglas Woods, especialista na indústria farmacêutica da consultoria Boston Consulting Group.

Segundo Woods, as fabricantes de genéricos enfrentam ainda competição mais acirrada, com multinacionais apostando no segmento.
Por isso, as fabricantes de genéricos -em sua maior parte de capital nacional- têm investido em outras frentes, como produtos biológicos (feitos a partir da manipulação de células) ou inovação para criar seus próprios medicamentos químicos.

Em março, Aché, EMS, União Química e Hypermarcas, quatro das maiores companhias do setor, uniram-se na joint venture Bionovis, que irá investir em biológicos e biossimilares (semelhantes aos genéricos de remédios químicos). A nova empresa recebeu investimento inicial de R$ 500 milhões.
Dois meses depois, foi a vez de as nacionais Eurofarma, Cristália, Biolab e Libbs criarem a Orygem Biotecnologia, com a mesma proposta.

Segundo OdnirFinotti, presidente da Bionovis, a criação da empresa ocorre em razão da "evolução do mercado". "As empresas que apostaram nos genéricos são hoje robustas e capitalizadas, dominam completamente a tecnologia farmacêutica. Por isso, investem em inovação."
Segundo o executivo, com o fim da patente de sete medicamentos biológicos, nos próximos anos a Bionovis estará diante de um mercado mundial de cerca de US$ 60 bilhões. No Brasil, serão US$ 1,5 bilhão a US$ 2 bilhões de faturamento por ano.

Essas patentes são de multinacionais como Roche, pioneira nesse segmento, Pfizer e Janssen, entre outras.
Os medicamentos biológicos são destinados, principalmente, para tratamento de câncer, reumatismo e doenças imunológicas.

Para Telma Salles, presidente da PróGenéricos, que representa o setor, mesmo com menos patentes por expirar, o mercado de genéricos continuará a crescer no país.

"Ainda estamos no início do processo de maturação dos genéricos lançados nos últimos dois anos."

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