Etanol hidratado atinge maior cotação nas usinas paulistas desde 2002

O etanol hidratado nas usinas do Estado de São Paulo atingiu sua maior cotação desde 2002 no início deste mês. Segundo levantamento semanal do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), da USP de Piracicaba (SP), o litro do combustível chegou a R$ 1,89 no último dia 5, 34,05% a mais em relação ao mesmo período do ano passado – R$ 1,41.

O aumento é resultante da alta nos custos de produção, da priorização do açúcar nas usinas e da margem de preço ampliada pela volta da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, afirma o professor de economia da USP e consultor em agronegócios José Carlos de Lima Júnior.

Entretanto, o acréscimo não deve repercutir nas bombas, em função da proximidade do início da safra, explica o professor.

Em Ribeirão Preto (SP), centro de uma das principais regiões sucroalcooleiras do país, o preço médio do combustível nos postos chegou a R$ 2,67 em janeiro, 3% abaixo de dezembro – R$ 2,76 -, mas 34% acima do praticado um ano antes – R$ 1,99 -, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

"Essa alta não vai se sustentar por muito tempo, até porque a gente vai começar a safra entre março e abril. Isso vai cair. O consumidor não precisa ter essa preocupação", diz Lima Júnior.

O etanol hidratado não é o único derivado da cana-de-açúcar que tem operado em alta. No início deste ano, o açúcar cristal atingiu sua maior taxa na série histórica do Cepea no mercado interno.


Etanol na gasolina

Também em ascensão, o etanol anidro – misturado à gasolina – foi cotado a R$ 2,09, com alta de 39,33% em relação a 2015 e bateu a sexta maior média na série desde 2002, perdendo apenas para 2011.

Além de associada à elevação dos insumos de produção, como de defensivos importados – mais caros em função da alta do dólar – e da energia elétrica, a alta se deve a uma valorização causada pelo incremento do anidro na mistura com a gasolina.

Mas o economista não vislumbra, em função disso, um aumento no combustível fóssil, que hoje custa em média R$ 3,67 nos postos de Ribeirão Preto.

"O etanol não conseguiria formar preço. A gasolina só aumenta se o governo passar a Cide integral para o consumidor, uma vez que a LDO aprovada pelo governo federal prevê seu retorno integral."

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