Chuva afeta colheita da cana e preço do álcool sobe

A grande safra de cana-de-açúcar esperada pelas usinas para este ano não deverá ocorrer. As chuvas, que no início da safra favoreceram o desenvolvimento das plantas, agora impedem a evolução da colheita. Não é só: o excesso de chuva prejudica a qualidade da cana, diminuindo a quantidade de açúcar e de álcool que pode ser extraída da matéria-prima.

Um cenário ruim para os usineiros, mas não menos ruim para o bolso dos consumidores. A venda de carros flex aumenta, puxando a demanda interna, mas a oferta de álcool não vai responder à expectativa inicial.
A menor oferta de álcool vai ocorrer, ainda, porque há dois anos os usineiros vêm obtendo preços pouco remuneradores para o produto. Diante desse cenário, e com a melhora nos preços externos do açúcar, as usinas desviaram volume maior de cana para a produção de açúcar, reduzindo o percentual de cana para o álcool.

O resultado disso tudo é que quando o consumidor parar no posto para abastecer seu veículo, pagará mais pelo álcool.
Mesmo com esse cenário, Antonio de Padua Rodrigues, diretor da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar), diz que a oferta de álcool anidro (misturado à gasolina) não está comprometida e a de hidratado (usado diretamente no tanque) será regulada pelo mercado.

Números

A moagem de cana deve somar 530 milhões de toneladas na safra 2009/10 na região centro-sul, volume 4,9% superior ao do ano passado, mas inferior aos 550 milhões previstos no início do ano.
A produção de açúcar, estimada em 31,2 milhões de toneladas, fica em 29,4 milhões.
A de álcool rec ua para 23,7 bilhões de litros, 10% menos do que a previsão inicial, e ainda 5,4% abaixo da safra 2008/9.

A oferta interna de álcool só não é mais complicada porque o mercado externo não está tão favorável como no ano passado. As estimativas das usinas são de venda de 2,8 bilhões de litros para o exterior nesta safra, 34% menos do que na anterior.
Segundo a Unica, as usinas devem terminar este mês com 45 dias de interrupção na moagem desde o início da safra, 11 dias a mais em relação a 2008.

Padua diz que essa paralisação gerou aumento nos custos de produção de pelo menos 5%, já que máquinas e homens ficam à espera de clima melhor para voltar ao trabalho. Além disso, a usina movimenta uma cana que vai produzir menos do que no ano passado.
A estimativa da Unica é que o rendimento da cana deste ano -medido em ATR (açúcar total recuperável) pelo setor- seja 4,3% inferior ao de 2008.

Fonte: Folha de SP, em 25/09/2009

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