Etanol cai 16% na usina, mas só 5% na bomba

O preço médio do litro do etanol praticado pelas usinas caiu 16,5% entre o início e o fim do mês de fevereiro, mas boa parte desta redução ainda não chegou ao varejo de Rio Preto. O álcool hidratado ficou mais barato nas bombas dos postos rio-pretenses a partir do último sábado, mas em proporção bem menor. Em valores, a redução do preço pago na usina foi de R$ 0,19. Passou de R$ 1,1934 em 29 de janeiro para R$ 0,9963 no dia 26 de fevereiro, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

Em relação ao consumidor, a queda ficou em apenas 5,55% (de R$ 0,10) na comparação com o preço mais praticado em 1º de fevereiro e ontem, em pesquisa realizada pela reportagem do Diário em 35 revendedores de combustíveis da cidade. Ontem, o preço do litro do etanol mais encontrado nos postos foi de R$ 1,699 (em 11 locais). No levantamento anterior, o valor mais praticado era R$ 1,799. Se estiver disposto a pesquisar, o consumidor rio-pretense ainda encontra outros valores. O valor mais baixo observado ontem foi R$ 1,549, em apenas um posto. O valor mais alto encontrado ontem foi R$ 1,799, em cinco postos.

Quando se consideram os preços do etanol a partir do levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a discrepância de valores é ainda maior. Nas últimas quatro semanas, a redução dos preços nas bombas, registradas pelo órgão, foi de 1,1%, ao passar de R$ 1,804 para R$ 1,784.

A redução no valor do etanol produzido pelas usinas e vendido às distribuidoras começou no dia 29 de janeiro. Naquela data, o hidratado combustível era cotado a R$ 1,1934. Desde então, a cada semana, o etanol tem apresentado redução no valor. O último levantamento, do dia 26, revela que o valor passou para R$ 0,9963, o que significa uma redução de 16,5% em relação ao valor de R$ 1,1934.

Dois fatores

A pesquisadora do Cepea Ivelise Bragato explica que a redução do preço do etanol desde o fim de janeiro deve-se a dois fatores. O primeiro é o menor interesse comprador, ou seja, o ritmo de negócio com as distribuidoras cai. Além disso, houve uma oferta expressiva do produto em janeiro e fevereiro, o que não permitiu ao mercado sustentar os preços. “Mesmo sendo período de entressafra, muitas usinas mantiveram a moagem”, disse.

De acordo com o representante da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, Sérgio Prado, houve uma queda acentuada no consumo entre o fim do ano passado e janeiro deste, além de maior oferta, devido às novas moagens. “É um ajuste do mercado. A tendência é de equilíbrio. Se o etanol quiser retomar seu espaço, precisa ser competitivo em relação à gasolina”, afirmou.

Para Prado, trata-se do momento ideal para se discutir e construir o estoque regulador do mercado, evitando solavancos. “Assim, conseguimos um preço mais estável, sem picos de queda na safra e de alta acentuada na entressafra, o que é muito ruim.”

Redução gradativa

Segundo o presidente do Sindicato dos Postos Revendedores de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sincopetro), Roberto Uehara, os preços do etanol estão caindo nos postos de Rio Preto e, como o produto é comprado das distribuidoras, a redução ocorre gradativamente e em tempos diferentes em cada posto.

“Cada distribuidora tem seu estoque e conforme ela compra com preço menor, repassa ao revendedor com a redução, que também faz o repasse ao consumidor”, disse. Para Uehara, a tendência é que os preços continuem em queda. A única preocupação, segundo ele, é do retorno das chuvas excessivas, que podem atrapalhar a produção do etanol.

Colheita de cana inicia no Estado

A safra de cana-de-açúcar 2010/2011 do Estado de São Paulo, que deverá ser a mais longa da história, começou ontem, na Usina Lins. Hoje será a vez da Usina Batatais, do mesmo grupo, começar a sua colheita. Ambas antecipam suas safras, enquanto a maioria deverá começar no dia 15. Juntas, as duas deverão moer 5,660 milhões de toneladas de cana. Normalmente, a safra de cana em São Paulo começa em abril.

“Os canaviais estão muito bons e tem muita cana para cortar, pois a chuva segurou para todas as usinas em 2009”, diz o presidente das usinas Batatais e Lins, Bernardo Biagi. Segundo ele, as duas usinas deverão fechar a safra em 20 de dezembro. E, com preços melhores tanto para álcool quanto para açúcar, os usineiros esperam uma boa safra, enquanto os consumidores, proprietários de veículos, ficam na expectativa que os preços do etanol (álcool hidratado) diminua nas bombas dos postos. “Tudo indica que deverá cair, como ocorreram nos últimos anos”, diz o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro), regional de Ribeirão Preto, Oswaldo Manaia.

Fonte: Diário da Região, em 02/03/2010

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