A frota brasileira de veículos bicombustível, os chamados flex, deve saltar de 12 milhões em 2010 para 23 milhões em 2014, o que deve elevar o consumo de etanol no mercado interno de 22 bilhões de litros/ano para 40 bilhões de litros/ano.
Para suprir a demanda, a produção de cana teria de dar saltos de aproximadamente 11% ao ano, passando de 653 milhões de toneladas ano em 2010/2011 para 904 milhões em 2013/2014, é o que avalia o ex-diretor da BM&FBovespa, e sócio-diretor da Archer Consulting, Arnaldo Luiz Corrêa. O problema é que, ainda que o mercado interno esteja aquecido, a produção não deve crescer nesse nível. Não haverá sobra.
Segundo Corrêa, o preço atual do álcool no mercado internacional é um dos fatores que inibem a entrada de novos players no mercado. A cotação da commodity está abaixo do custo de produção, o que afugenta os investidores. E de acordo com as projeções do especialista seriam necessários US$ 33 bilhões em investimentos para aumentar a produção de cana a níveis capazes de suprir a demanda nacional.
Diante deste cenário, com a oferta de cana cada vez mais apertada em relação ao consumo, o que se pode esperar é o impacto nos preços. Resta saber se o impacto se dará de forma mais significativa no preço do açúcar ou do etanol, diz Corrêa.
Disputada. Para ele, com a perspectiva de que a produção não vai crescer suficientemente para suprir a demanda nos próximos anos a cana passará a ser disputada palmo a palmo entre etanol e açúcar. As usinas vão pender para o lado que remunerar melhor, diz.
O diretor comercial da usina Alta Mogiana, Luiz Gustavo Junqueira, crê que o nível de produtividade dos canaviais devem cair nos próximos anos devido a tratos errôneos, como o aumento dos intervalos de renovação das lavouras, o que aumenta a idade média das plantas. A cana não aceita desaforo. Há dois anos que o mercado está moendo em dezembro, confrontando o próximo canavial. Isso vai se refletir certamente em queda de produtividade nos próximos anos.
Fonte: O Estado de SP, em 12/05/2010