Consumo de álcool supera o de gasolina no Brasil

O consumo de álcool (anidro e hidratado) superou o de gasolina pela primeira vez desde o final da década de 1980, no auge do Pró-Álcool. Em fevereiro, o país consumiu 1,432 bilhão de litros, contra 1,411 bilhão de litros de gasolina, uma diferença de 21 milhões.

O superintendente de Abastecimento da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), Edson Silva, atribuiu o resultado à queda no preço do álcool vendido nas bombas, aliada ao aumento das vendas de carros do tipo bicombustível (flex). Segundo Silva, a previsão era de chegar a essa diferença somente em abril.

O consumo de álcool hidratado encerrou o primeiro bimestre com crescimento de 56%, ante igual período do ano passado, enquanto o de gasolina cresceu apenas 2,9% e o do diesel, 11,5%.

Em janeiro de 2007, foram consumidos no país 1,520 bilhão de litros de gasolina e 1,088 bilhão de litros de álcool (anidro e hidratado). Já em dezembro, a diferença no consumo dos dois combustíveis chegava a menos de 100 milhões de litros.

Para Silva, “esta é uma realidade que veio para ficar e com isso o país passa a consumidor em maior escala um combustível ecologicamente mais limpo e proveniente de fonte renovável.”

Cruzada pró-etanol

O governo brasileiro decidiu contra-atacar as críticas de europeus e americanos à produção de etanol e à expansão do programa de biocombustíveis. Na Holanda, onde está desde o dia 9, o presidente Lula rebateu as críticas com uma acusação: países ricos estão levantando “supostos riscos ambientais e sociais” para criar uma nova barreira de proteção comercial contra os países pobres e emergentes.

Na volta da Holanda, Lula afirmou que montará um grupo de trabalho para estabelecer uma estratégia de combate às críticas. A tropa de choque pró-etanol, que vai envolver pelo menos quatro ministérios (Agricultura, Meio Ambiente, Desenvolvimento e Relações Exteriores) e uma rede de embaixadas, vai contatar ONGs e a imprensa local dos países mais críticos.

Bicombustíveis lideram vendas em Rio Preto

Os carros bicombustíveis, apontados como um dos responsáveis pelo aumento de consumo de álcool, lideram as vendas em Rio Preto. No ano passado, a frota de veículos de passeio cresceu 20 unidades por dia na cidade.

Segundo concessionárias de Rio Preto, todos os veículos nacionais vendidos são bicombustíveis. “Toda a linha Fiat é flex”, afirma o gerente comercial da Alpínia Veículos, Jairo Queiroz Bezerra. Segundo ele, a concessionária vende 140 veículos novos por mês.

Nelson Frade Júnior, da concessionária Elmaz, afirma que, por mês, vende 160 veículos Ford – todos flex – e 10 importados, movidos a gasolina. “A aceitação de um carro com um combustível só é bem pior”, afirma.

Os compradores dos flex assumem que, apesar da possibilidade de escolher, abastecem apenas com álcool. A justificativa: economia. “Para encher um tanque com gasolina, gasto R$ 90. Com álcool, pago R$ 50”, afirma Ricardo Mateus, dono de um Golf bicombustível.

O taxista João Polizeli também prefere o álcool. “Gasto cerca de mil litros por mês. Acredito que, se colocasse gasolina no lugar de álcool, iria gastar de R$ 400 a R$ 500 a mais”, calcula o taxista, cujo último veículo a gasolina foi comprado em 2001.

João Queiroz Bezerra compreende o raciocínio. “Apesar de custar o dobro do álcool, a gasolina não rende o dobro da quilometragem”, explica.

Fonte: jornal BOM DIA Rio Preto, em 12/04/2008

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