Açúcar é destaque de alta em julho

Açúcar e algodão se destacaram entre as commodities agrícolas no mercado internacional em julho. O primeiro, pela valorização dos preços e o segundo, pela queda. Segundo levantamento do Valor Data, dos 10 produtos com maior liquidez nas bolsas de Nova York e Chicago, cinco registraram alta sobre junho: açúcar (14,01%), cacau (5,03%), suco de laranja (1,92%), soja (0,36%) e farelo (0,17%). Sofreram perdas algodão (-21,45%), café (-2,41%), milho (-5,39%), trigo (-4,93%) e óleo de soja (-0,78%).

A alta do açúcar em julho foi resultado das preocupações com a safra 2011/12 no Brasil. A valorização já alcança 60,64% nos últimos 12 meses. No dia 13, a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) reduziu em 6% sua estimativa para a safra de cana, reflexo da seca do ano passado e da falta de investimentos nos canaviais, que vêm perdendo produtividade.

Maurício Muruci, analista de açúcar e álcool da Safras & Mercado, afirma que o cenário se mantém altista, apesar dos ganhos já acumulados em um período do ano em que os preços tendem a ceder por causa da colheita da cana no Brasil. "É grande a especulação de que as perdas de produção serão ainda maiores do que as apontadas pela Unica. Os fundos apostam nisso e mantêm suas posições de compra em níveis de preço já muito elevados".

O algodão foi o grande derrotado no mês passado. Os contratos da commodity registraram os preços mais baixos em 10 meses na última semana. O mercado ficou pressionado após a divulgação do relatório de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), no começo de julho. O órgão reviu para cima sua projeção para os estoques de passagem americanos e mundiais da safra 2011/12, mesmo com um corte nas estimativas de produção.

Analistas observam ainda sinais de fraqueza na demanda da China, maior importador mundial da matéria-prima. Por outro lado, a preocupação com a próxima safra dos EUA, por conta do clima quente e seco nas regiões produtoras, limitou as perdas.

O comportamento do clima e as próximas estimativas do USDA vão ditar o comportamento do algodão nas próximas semanas. Embora acumule perda de 20,91% no ano, os preços médios de julho ainda foram 39,71% mais altos do que os vistos 12 meses antes.

Os preços médios do café também recuaram, especialmente depois que os temores de geadas no Brasil, que impulsionaram os preços em junho, se dissiparam. Com quase três quartos da safra brasileira já colhida e a irrigação dos canais de comercialização, os fundamentos perderam força.

Apesar da queda em julho, o café ainda acumula alta de 14,83% no ano e 53,97% nos últimos 12 meses. Mesmo com a possibilidade de colher uma produção recorde no ano que vem, o equilíbrio global entre oferta e demanda ainda é delicado.

Em Chicago, o mercado tenta precificar as expectativas para a safra 2011/12. Embora tenham caído em julho, os preços médios do milho tiveram forte alta nas últimas semanas. Segundo o analista da corretora Newedge USA, Daniel D´Ávila, o mercado abriu o mês sob forte pressão baixista por causa do relatório de área plantada do USDA, que apontou um aumento no cultivo doméstico de milho. Contudo, a commodity passou a subir depois que o USDA divulgou que os estoques americanos de passagem serão os menores em 16 anos.

A forte demanda por parte da China, combinada com o clima hostil para o desenvolvimento das lavouras do Meio-Oeste dos EUA, fez crescer a aposta em preços mais altos. "O cenário em relação ao milho é preocupante. Muitos analistas acreditam que o USDA será obrigado a fazer novos ajustes na estimativa de produção da nova safra". O milho acumula alta de 11,49% no ano e de 72,17% nos últimos 12 meses.

Já a soja continua a oscilar dentro do intervalo de preço estabelecido no começo do ano. Em 2011, a oleaginosa acumula alta de apenas 2,58%, embora tenha subido 38,46% nos últimos 12 meses. Ainda que as especulações em relação ao clima nos EUA tenham ajudado a sustentar os preços em julho, o cenário é menos preocupante. "Para a soja, o que importa é o clima em agosto, que é o período mais importante para o desenvolvimento da safra. E a expectativa é que as condições sejam melhores do que as observadas em julho", afirma D´Ávila. Para ele, o mercado da soja encontrou um equilíbrio nos atuais patamares de preço.

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