Dilma pede a Mantega plano mais ousado para indústria

A presidente Dilma Rousseff determinou ao ministro da Fazenda, Guido Mantega, um plano mais "ousado" para estimular a indústria. Segundo relatos, ela disse que seu objetivo é evitar um crescimento "medíocre" em 2012.

O governo anunciará na terça um pacote de medidas a uma plateia de empresários, com redução de juros de empréstimos do BNDES e desoneração da folha de pagamento de vários setores.

Em viagem à Índia, Dilma confirmou ontem o lançamento das medidas e afirmou que elas têm "o objetivo de assegurar, através de questões tributárias e financeiras, maior capacidade de investimento para o setor privado".

A meta, segundo ela, é ampliar dos atuais 19% para 24% do PIB a taxa de investimento no Brasil. Como o PIB (medida de tudo o que o país produz de bens e serviços em um ano) é de cerca de US$ 2,5 trilhões, o programa a ser anunciado significaria um esforço para os setores público e privado investirem algo em torno de US$ 150 bilhões (R$ 273 bilhões) nos próximos anos.

A própria equipe econômica e o empresariado consideram ambiciosa essa marca, que deveria ser atingida até o final do governo Dilma.
Além de desonerações, o pacote trará ações de incentivo à indústria por meio das chamadas compras governamentais. Um decreto trará as áreas em que o governo poderá pagar a mais se o produto for nacional e de inovação tecnológica. A lei permite esse tipo de estímulo, desde que não ultrapasse o teto de 25%.

Outra iniciativa será a instalação de 19 "conselhos de competitividade", um fórum de representantes dos setores industriais onde serão debatidas medidas para torná-los mais eficientes.

Dilma evitou detalhar as medidas e prometeu fazer o possível para reduzir a carga tributária em seu mandato.
Sobre a reforma tributária, Dilma quer uma discussão "calma, tranquila e realista", enquanto toma "medidas pontuais que, no conjunto, permitem que se crie uma desoneração maior, fundamental para o país crescer".

Quanto a aumentar a taxa de investimentos, é algo mais urgente, mas potencialmente tão complicado quanto a reforma tributária, pelo menos da maneira como a presidente diz querer atuar.

Primeiro, promete "um esforço grande para aumentar a taxa de investimento" para "equilibrá-la com o consumo". Em relação aos gastos públicos, destacou que terão de subir em alguns setores, sobretudo saúde e educação.

Parte do esforço para aumentar o investimento já está em curso, mas só como mudança na forma de rotular o gasto. Dilma diz que o gasto em construção civil (Minha Casa, Minha Vida) era até há pouco rotulado como despesa de custeio. Ela anunciou que, além dos 2 milhões de moradias já prometidas, "talvez cheguemos a acrescentar mais 400 mil".

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