A empresários do varejo, Dilma diz que não reduzirá jornada semanal de trabalho

A presidente Dilma Rousseff garantiu na última quinta-feira, 8, a empresários do varejo brasileiro que não reduzirá a jornada de trabalho no setor para 40 horas, como defendem os sindicatos. A carga atualmente é de 44 horas. Dilma também sinalizou que manterá a desoneração da folha de pagamento dos setores que já foram desonerados, mas rechaçou a possibilidade de desonerar novos setores num horizonte próximo.

As duas demandas faziam parte de uma pauta de três itens apresentados nesta quinta pelos varejistas a Dilma – o terceiro se refere à possibilidade de regulamentação de jornada reduzida para casos específicos, como finais de semana e trabalho 24 horas, o que a presidente prometeu estudar.

"Não sou a favor das 40 horas e as centrais sabem disso. Essa é uma questão entre trabalhadores e empresários. Não é compreensível que num quadro de quase pleno emprego se discuta as 40 horas. Da onde tiraremos trabalhador para trabalhar as outras 4 horas?", indagou Dilma em reunião fechada promovida nesta quinta pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), que reuniu cerca de 80 das principais empresas do setor.

O IDV começou a conversar com candidatos à Presidência da República – ouvirá Aécio Neves (PSDB) na semana que vem e agenda uma entrevista com Eduardo Campos (PSDB).

Com índice de vendas ainda em alta, e tendo crescido 110% na última década, enquanto o PIB cresceu 40%, o varejo é uma parte do empresariado simpática ao atual governo, embora se mostre preocupada com os efeitos que os temas da produtividade e da competitividade da indústria podem ter sobre a economia brasileira, o que afetaria o varejo no futuro.
Ao final da conversa, o presidente do IDV, Flávio Rocha, afirmou que Dilma mostrou "total sensibilidade", mas alertou para os temores de que conquistas brasileiras recentes podem estar em xeque.

"A crueldade contra o consumidor hoje é o custo Brasil, que só tem um destino: preços. A presidente demonstrou sensibilidade para essa questão do custo Brasil, de reinserir o Brasil nas raias do jogo competitivo. Sem isso, ate as conquistas recentes, o aumento do poder de compra, a ascensão da classe média, ficam ameaçadas", declarou. "De nada adianta um varejo exuberante se a produção nacional não tirar proveito desse bom momento da demanda".

Após o encontro, o ministro da secretaria da Micro e Pequena Empresa, Guilherme Afif Domingos (PSD), confirmou que os setores já contemplados pela desoneração da folha assim permancerão porque, segundo ele, "isso é importante para a manutenção do emprego", mas não haverá novas reduções para "não ter perda de arrecadação, devido ao equilíbrio orçamentário que tem que ser mantido a ferro e fogo".

Sobre a flexibilização da contratação temporária, Afif afirmou que tem de "ser analisada com cuidado". "Tem muita gente que gostaria de trabalhar menos horas. Inclusive idosos. A legislação não tem uma flexibilidade nesse sentido. Em determinada circunstância pode ser até bom pra empregar pessoas que estão fora da própria demanda do mercado de trabalho".

 

 

 

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